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ONG denuncia abandono de mais de 1.100 animais pela Braskem em Maceió (AL)

ONG denuncia abandono de mais de 1.100 animais pela Braskem em Maceió (AL)

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Foto: Adailson Calheiros

A cadelinha resgatada por esses dias, pelo jornalista Fábio Henrique, nas proximidades do Cepa, vai ser castrada dia 29 de julho. Numa ação humanitária em defesa da causa animal, ele e a esposa se cotizaram para bancar a castração, em torno de R$ 400. Fábio suspeita que a cadelinha tenha sido abandonada no Pinheiro, vítima do desastre socioambiental provocado pela Braskem.

Seria um gesto simples, corriqueiro, de uma pessoa que se comove com o sofrimento de um animal doméstico, não fosse um caso recorrente, de animais soltos, abandonados na região do Farol, onde reside o jornalista. Produtor da Rádio Difusora, ele comentando na redação sobre o assunto, a equipe de reportagem decidiu pautar a matéria. Convidaram a advogada Elisa Moraes, da ONG SOS Pet Pinheiro, para falar sobre o assunto.

Durante a entrevista, ao vivo, no programa Difusora Manhã, comandado pelos jornalistas Marcelo Rocha e Tati Campos, a advogada denunciou a existência de mais de 1.100 animais abandonados na região do Pinheiro e demais bairros atingidos pelo afundamento do solo em Maceió. O levantamento foi feito, recentemente, pelos colaboradores da ONG – Organização Não-Governamental – SOS Pet Pinheiro.

Ouvida pela reportagem da Tribuna Independente, a advogada confirmou a denúncia. “A gente denúncia que há pelo menos 1.100 animais nos bairros afetados pela mineração da Braskem. Mas, que esses animais ficam à mercê de maus tratos e violência nos bairros e que a Braskem tem castrado e devolvido para as ruas. Ruas essas que não são seguras”, afirmou a advogada.

Segundo ela, a maioria é de gatos, em torno de 90%, mas tem também muitos cachorros e outros animais. As pessoas desocuparam as casas, os pontos comerciais e dos apartamentos, deixando os ficaram confinados na chamada zona de exclusão. No local, onde se encontram mais de 14 mil imóveis desativados, abandonados e em processo de demolição, nem lixo tem para os animais comer.

De acordo com a ONG, a Braskem diz que cuida, mas só na propaganda oficial. Na realidade, o que a empresa faz, dentro desse programa de compensação acordado com os órgãos de fiscalização e controle, é vacinar e castrar o animal, e depois devolver às ruas. A advogada diz ainda que essas ações, por mínimas que sejam, só foram realizadas depois de muita cobrança ao Ministério Público Federal de Alagoas.

Segundo a advogada Elisa Moraes, do SOS Pet Pinheiro, pelo menos duas representações foram feitas pela ONG denunciando o problema e pedindo providências para o abandono dos animais, vítimas da mineração.

Além de gatos e cachorro, há relatos de outros animais domésticos e animais silvestres encontrados dos escombros dos bairros atingidos pelo afundamento do solo. A assessoria do MPF/AL foi questionada sobre a denúncia, mas não teve retorno.

“Há relatos de moradores que já encontram cobras, jiboias foram duas, raposas e até jacarés, na região dos imóveis desativados pela Braskem. E o que é pior, esses animais se assustam, correm, são atropelados ou mortos”, acrescenta a advogada Elisa Moraes. Segundo ela, esses relatos chegaram também à coordenação da ONG Pet Bebedouro, que também trabalha em defesa da causa animal na região.

“Diversas cobras estão sendo vistas nas áreas dos bairros afetados pela mineração da Braskem, são muitos os relatos que recebemos de casos desse tipo”, afirmou a advogada Elisa Moraes, em uma das postagens que ela fez, na página da ong nas mídias sociais, com a foto de uma jiboia que foi encontrada por um morador do Pinheiro. Ainda bem que o jornalista Fábio Henrique não se deparou com uma cobra, encontrou uma cadelinha.

“Vou castrar e devolver às ruas, Ricardo, não tenho como criar. Lá em casa, já temos sete gatos e uma cadela, essa que aparece no vídeo; ela ficou toda enciumada quando chegamos com a cadelinha de rua”, relatou o jornalista, disponibilizando o vídeo, onde aparecem os animais na sua residência, no bairro do Farol.

Empresa nega a denúncia e diz que cuida dos animais dos bairros evacuados

Desde julho de 2020, a Braskem desenvolve, em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e a Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (FUNDEPES), o Programa de Apoio aos Animais nas áreas de desocupação e monitoramento definidas pela Defesa Civil de Maceió. Mais de 7.500 animais já foram atendidos pelo programa.

Além de dar suporte aos moradores das áreas afetadas que possuem animais de estimação, o Programa realiza ações com animais que vivem em condições de rua e que, em sua maioria, foram abandonados. Já são mais de 4 mil castrações, cerca de 5 mil gatos atendidos (entre errantes, com tutores ou cuidadores) e mais de 750 animais adotados por meio do canal de adoção @focinhoresponsável, no Instagram. Antes da adoção, os cães e gatos recebem atendimento veterinário, são vermifugados, castrados e vacinados. O Programa também trabalha com orientações sobre guarda responsável.

Em relação à situação dos animais errantes, o professor da Ufal e coordenador do Programa, Pierre Barnabé Escodro, explica que estratégias como a captura, esterilização, devolução e encaminhamento para adoção, controle sanitário e monitoramento são cientificamente mais efetivas para a saúde pública e bem-estar animal. Todos os gatos castrados e devolvidos para as colônias de origem são monitorados, alimentados diariamente e recebem cuidados sempre que algum problema de saúde é identificado.

Fonte: Tribuna Hoje

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